Conheço algumas mulheres que definitivamente não celebram esta data. Aliás, certa vez, me esforcei para escrever sobre esse tema e recebi um verdadeiro sermão, porém respeitoso, inteligente e honesto. Portanto, me sinto um pouco confuso, ainda, mas vale o risco. Objetivamente, a comemoração do Dia Internacional da Mulher é positiva, porque em que pesem alguns sinais de hipocrisia, normalmente vistos em festejos de final do dia, ou postagens com aqueles selinhos ridículos, semelhantes ao “Bom dia!” – não existe nada pior –, não tenho a menor dúvida que prevalecerão, ao longo desta quarta-feira, frases de consideração, respeito, orgulho, solidariedade e atenção. Além, obviamente, de cumprimentos e flores (caio na minha primeira armadilha). Mas a data nos faz lembrar de outros episódios, a começar pela lentidão com a qual os políticos e legisladores brasileiros trataram da igualdade de direitos. E não me refiro a este evento politiqueiro no qual o presidente Lula pretende editar, hoje, uma lei que já existe – paridade salarial quanto à função e tempo de trabalho, algo em vigor faz tempo. Me refiro a situações da idade da pedra que levaram muitos anos para mudar – isso não faz um século, é bom lembrar – como “chefe da família”, “poder patriarcal” e questões mais simples como o “direito ao voto”.

Por isso, para aquelas que não encontram maiores motivos na celebração do motivo no Dia da Mulher, insisto: é através destas manifestações cíclicas que se faz pressão naqueles que podem aperfeiçoar a sociedade através de leis. Uma das mais recentes, a “Maria da Penha” por exemplo, tem menos de 20 anos; ou seja, foi “preciso” que uma mulher fosse vítima de violência doméstica durante 23 anos e sofresse duas tentativas de homicídio para que alguém se mexesse. Sim, rigorosamente seria mais fácil e poético saudar as mulheres do nosso entorno com frases de efeito, mas o ambiente de igualdade e respeito ainda está longe de ser realidade. Com as mídias sociais, então, a situação piorou muito, onde delinquentes marginais descarregam toda a sua fúria contra o universo feminino. Temos sim, como participantes de uma sociedade, o dever de chamar a atenção das autoridades para os desequilíbrios que persistem. Para que os abusos, não apenas nas “redes”, mas nas filas dos bancos, no transporte público, nas lanchonetes, lotéricas e onde haja aglomeração, sejam intolerados e denunciados.

E que este respeito seja iniciado em casa, continuado na escola e perseguido na vida adulta. Às mulheres minha profunda consideração.

Meus cumprimentos e minha disposição permanente de estar ao lado, não à frente, trabalhando, sonhando, realizando e acima de tudo, agradecendo.