Pouco antes da posse do presidente Lula, a jornalista Julia Dualib apresentou, nos canais jornalísticos da Globo News o documentário “Visita, presidente”. Por alguns dias, antes do lançamento, fiquei me perguntando o que me levaria a ver uma narrativa sobre a prisão, a permanência e sua soltura de Lula de Curitiba. Porém, o chamado “vício da profissão” falou mais alto e assisti, calmamente, a um trabalho que o classificaria como muito interessante. Porque, além da exibição de reportagens colhidas à época, trouxe depoimentos dos principais atores do périplo lulista.
Entre os quais, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, o advogado Cristiano Zanin, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto e Fernando Haddad. Entretanto, personagens menos famosos e que hoje estão residindo em Brasília também deram suas declarações. Isso será explorado em outro comentário, mas hoje gostaria de me concentrar em Janja da Silva. Porque, a ativista que se transformou em primeira-dama do Brasil parece estar executando outras funções não exatamente matrimoniais.
Sua presença permanentemente ao lado do marido, inclusive em locais onde não deveria estar, como na reunião com ministros de estado ou caminhando de braço dado com representes dos poderes da República, tem provocado especulações que podem ser precoces, mas fazem algum sentido. Alguns analistas estão associando esta projeção do ponto de vista político, como se ela estivesse sendo preparada para alçar voos mais altos em breve. Os precedentes vêm da própria esquerda, o mais conhecido, a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirschner, sucessora do marido Néstor, prestes a concorrer a novas eleições. Nem tanto badalada, mas é fato, Rosario Murillo Cristin também assume um papel central na Nicarágua, vice de seu marido, o presidente ditador Daniel Ortega.
Exagero? Talvez seja, no momento, mas tamanha proeminência, quando o Brasil caminha com tamanhas conflagrações, é arriscada. Compreende-se a euforia que ela deva estar vivendo, mas ter alguma ideia do caminho antes de percorrê-lo é sinal de inteligência. Inclusive do ponto de vista interno, no próprio PT, quando muitos ainda disputam cargos e holofotes.
A continuar assim, não demorarão ataques contra ela, especulações e uma enorme pressão a qual não se tem ideia de como suportará. O que pode causar danos precoces a sua jornada no Palácio da Alvorada.