O companheiro Felipe Voigt, deste “Farol”, levou ao “Debate” apresentado na última quarta-feira, o fruto de um Insight nostálgico, apresentando como um de seus temas o título de uma obra publicada pela professora Cremilda Medina, “Entrevista: o diálogo possível”.

Sua inspiração foi a estreia do programa “Farol Entrevista”, que teve como sua primeira convidada a psicóloga Solange Dantas, e enquanto sua pauta era esmiuçada, uma intervenção feita pelo companheiro Cláudio Bontorim definiu com singularidade o desuso deste artifício no jornalismo atual.

De fato, décadas atrás, quando as mídias sociais sequem eram imaginadas e os jornais impressos se davam ao luxo de publicar uma, as vazes duas páginas com o pensamento crítico de alguma personalidade, isso era bem comum. Entretanto, esta comunicação mais enxuta e dinâmica dos tempos modernos, as quais fizemos referência ainda esta semana, exterminou, em parte, a possibilidade dos leitores se aprofundarem em temas importantes, concordando-se ou discordando-se deles. Posições extremadas, atualmente, constituem um modismo raso e tal superficialidade não contribui em nada para a exploração de nossa capacidade cognitiva.

Por outro lado, algumas adaptações estão surgindo especialmente nas plataformas eletrônicas, em formatos que não lembram em nada o sucesso capitalizado pelo humorista Jô Soares, décadas atrás, entrevistas nas quais conhecíamos mais o pensamento do apresentador do que de seu convidado. “Entrevistar”, portanto, não é apenas uma questão de técnica: exige, de quem a elabora, sensibilidade e tirocínio suficientes para entregar, aos destinatários, aquilo que seja útil, ousado, curioso e inédito, se for possível.

No caso deste novo programa do “Farol”, que em breve abrirá esta oportunidade a todos os seus membros, esta ideia alicerça o palco deste teatro porque, em regra, pessoas interessantes normalmente discorrem sobre suas especialidades, e ficam restritas nestes paralelos e contextualizações. Em regra, não lhes é oferecida a oportunidade, por exemplo, de percorrem caminhos longe das obviedades, de suas zonas de conforto, de onde surge uma pergunta elementar a ser feita: por que não?

É importante percebermos que a evolução humana se dá pelo pluralismo, ainda que muitos se esqueçam disso. Pois o conjunto de ações e manifestações forma, diariamente, um riquíssimo caldo cultural, que pode começar dentro de um elevador até expandir-se em um estúdio de gravação. Amanhã continuaremos neste tema, trazendo dois exemplos recentes.