Daniel Silveira, Bolsonaro e Alexandre de Moraes são os assuntos do momento. E com certeza vão continuar sendo, devido a proporção que o caso tomou. O que talvez poucos tenham percebido, e houve pouca análise sobre o fato, foi o voto do “terrivelmente evangélico”, André Mendonça, a quem o presidente colocava toda fé do mundo de que ele pediria vistas da ação e, dessa forma, a levasse em banho-maria até o pós-eleição. Não fez, concordou com a condenação – é evidente que em termos menos rigorosos – e deixou para Nunes Marques a vassalagem total ao presidente. A liberdade de expressão tem seus limites. Ameaçar e incitar à violência, como fez Daniel Silveira, que ora tem a graça e o perdão assinados por Bolsonaro, é crime. Isso é ponto pacífico. Vale lembrar que o deputado bolsonarista, o mesmo que rasgou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada junto com seu motorista, por capangas das milícias, extrapolou em suas falas e ultrapassou todos os limites.
Lembram-se da PEC 37, aquela que limitava os poderes de promotores e juízes às suas funções específicas. Muitos fizeram campanha por sua não aprovação, inclusive este jornalista que vos fala. Se ela tivesse sido aprovada, não teríamos situações como essas e nem a ingerência extrema do Poder Judiciário em todos os assuntos. A força descomunal do Ministério Público, o espetáculo midiático dos julgamentos e Sergio Moro e Daltan Dellagnol não seriam tratados como heróis nacionais, hoje heróis postos abaixo.
E, principalmente, não teríamos a ascensão de Jair Bolsonaro e seus “milicianos” ao Poder máximo da Nação. E só para lembrar, ao julgar Daniel Silveira culpado pelas suas ações, o STF apenas acatou a argumentação do Ministério Público Federal e quem fez a argumentação oral, pedindo a condenação, foi Lindora Araújo, a nº 2 do MPF, ligada diretamente ao bolsonarista extremo, Augusto Aras, o Procurador Geral da República.
E só para concluir, apesar de toda essa discussão, caberá ao STF, e tão somente aos seus ministros, a decisão final sobre o perdão de Boslonaro a Daniel Silveira. Que comecem as apostas.