A cena foi registrada pela imprensa oficial da Câmara de Limeira e divulgada nas redes sociais: nela, o presidente da Câmara, Sidney Pascotto, recebe um grupo de pastores de uma igreja na semana passada. O release publicado no portal legislativo diz que “o objetivo da visita foi tratar de um projeto sobre violência contra as mulheres desenvolvido pela instituição em Limeira”. E apenas isso, sem dar detalhes sobre o que seria esse projeto e, principalmente, a ausência justamente de mulheres para falarem sobre a violência que elas sofrem.

Só o fato de serem apenas homens debatendo um assunto assim já causa surpresa, afinal é preciso que mulheres participem para falar, de fato, o que é violência contra elas e o que precisam de ajuda dos homens (basicamente “parem de violentar”).

Mas o que mais chama atenção é o fato de todos estarem sem máscaras e não respeitando o distanciamento social, ambos previstos no último Ato da Mesa publicado pela Câmara na semana passada pelo mesmo vereador que a descumpriu apenas três dias depois de sua publicação.

Nele, segue obrigatório o uso adequado de máscara de proteção facial ininterruptamente nas dependências da Câmara. É vedada ainda a concentração de pessoas em número superior a três. E nos gabinetes, precisam manter distanciamento de pelo menos um metro entre os presentes.

Só não deixou claro o que acontecerá com quem não cumprir, seja ela autoridade política ou eclesiástica: se a regra se aplica a todos, não é possível abrir exceção nem em nome de deus. Odeio usar clichês, mas aqui cabe um perfeitamente: faça o que digo, mas não faça o que faço.