A preocupação com o uso dos cigarros eletrônicos está aumentando. Nos últimos meses, algumas prefeituras passaram a agir, temendo os impactos do consumo para a saúde da população. As cidades paulistas de Limeira e Piracicaba são exemplos disso.

O médico pneumologista João Carlos Almeida, da Hapvida, aponta os riscos trazidos pelos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), cuja comercialização e propaganda são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também chamados de “vape”, contêm nicotina e, como o cigarro comum, podem causar dependência e levar, por exemplo, a um ataque cardíaco.

Na última terça-feira, 22/04, a Prefeitura de Limeira sancionou uma lei aprovada pelos vereadores que proíbe o uso do vape em espaços públicos e privados, como praças, supermercados e bares. A comercialização do produto a menores de 18 anos também está proibida. Em paralelo, em Piracicaba, as restrições adotadas pela Anvisa têm resultado em fiscalização e apreensão dos materiais em comércios locais.

Doenças respiratórias

Dois em cada três usuários de vape têm entre 15 e 24 anos, segundo o Ministério da Saúde. O médico João Carlos Almeida aponta risco para qualquer faixa etária, apesar de o consumo não envolver combustão ou alcatrão.

“Doenças respiratórias, de coração, do cérebro e da gengiva são comuns entre os usuários. Também há uma preocupação porque as pesquisas sobre os efeitos ainda estão na fase inicial”, afirma o pneumologista.

Riscos de dependência e complicações associadas

Assim como os comuns, os DEF geram dependência. “Os cigarros eletrônicos aquecem a nicotina e outras substâncias químicas. A exposição a toda uma gama de substâncias químicas, algumas delas desconhecidas, provavelmente, não é segura”, pontua.

Pesquisas avaliam se o vape está relacionado a uma doença pulmonar grave denominada “EVALI”. O paciente com essa doença sente falta de ar, dor no peito e diarreia, entre outros sintomas.

Há a possibilidade de diagnósticos de enfisema, lesão e até câncer no pulmão. Entre as complicações cardiovasculares, a hipertensão é uma das doenças citadas.

Parte dos pacientes alega estar usando vape na tentativa de deixar o cigarro comum. Porém, os médicos alertam para o risco de a pessoa ficar viciada nos dois tipos. A presença da nicotina pode ser uma das causas dessa dependência “dupla”.

Suporte e assistência multiprofissional

Segundo João Carlos, as estratégias mais eficientes para deixar de fumar passam por uma consulta médica. “Medicamentos e suporte psicológico ajudam a reduzir os sintomas que aparecem quando da abstinência tanto do cigarro comum como dos eletrônicos”, diz o médico da Hapvida.

Ter hábitos saudáveis, praticar exercícios físicos de forma regular e aumentar o consumo de água ao longo do dia estão na lista de recomendações, mas sempre com acompanhamento multiprofissional adequado.