O mais profundo código de conduta da humanidade está escrito no livro mais lido e traduzido de todo o planeta: a Bíblia. E quando me refiro à “profundidade” gostaria de assemelhá-la a uma rocha, cuja remoção do solo nem sempre é fácil ou possível. Percebam. Conceitos imaginados por Copérnico, Einstein, Alighieri, Newton, Freud ou de qualquer outro gênio, por mais incríveis que se apresentassem em suas épocas, com o passar do tempo e da evolução científica, revelaram-se “quase” perfeitos. Explico.
Quando penso em comportamento humano, não me refiro a uma ciência exata. Cada ser, dentro de um processo iniciado no ventre e encerrado na morte, experimenta dentro do seu livre arbítrio, em maiores ou menores escalas, oportunidades de tergiversar. De alterar sua maneira de agir, sua história, suas escolhas, decisões e, não duvidem, o próprio destino, sempre aberto. Portanto, viver não é como resolver problemas matemáticos: é encaixar conhecimento e possibilidades, impondo esforços dentro de alguns parâmetros. Em especial no Novo Testamento, que aproxima os cristãos com a Palavra Viva, entre parábolas e reflexões, encontro um refúgio em momentos de maior inquietação. De tristeza, desilusão e incluiria o meu desencanto com algumas pessoas que exalam suas mediocridades por meio de ações e palavras. Que semeiam nos jardins de suas almas, arrogância, presunção, inclemência, desprezo, inveja e, em casos mais raros e extremos, ódio.
Gente que não presta conta de seus atos nem com a própria consciência, o que dirá com Deus, e o que é pior: se julgam inatingíveis. Superiores, e os exemplos surgem aos borbotões. Enquanto acompanhamos tantos exemplos de solidariedade, até hoje, no Litoral Norte, ou semanas antes, no terremoto que dizimou partes da Síria e da Turquia, revelaram-se para quem quis ver e ouvir, enormes expressões de indignidade proferidas por um vereador gaúcho. E não foi simplesmente um “exagero”: foi exatamente o que ele e milhões pensam. Uns falam, outros não, mas esses são os preconceitos “nossos” do dia-a-dia, e agora, de volta à Palavra: isso foi recomendado em algum momento? Ao contrário.
No capítulo das bem-aventuranças, o meu predileto, mora o meu conforto diante de situações assim. Que tal se ele soubesse – e acreditasse – que “felizes (são) os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu”, ou que “ felizes (são) os mansos, porque possuirão a terra” (Mateus 5, 3-12)? Se ele não acredita em Deus, poderia ao menos refletir sobre Suas palavras.