Desde que a a PEC da reeleição foi aprovada, mantenho-me fiel à opinião contrária à sua realização. Pois um segundo mandato, todos sabemos, se torna a pedra no sapato do agente público eleito, que dificilmente consegue levar adiante seu governo sem vícios ou ações que nada têm a ver com os interesses públicos, mas pessoais e, muitas vezes, inomináveis.
Sempre defendi mandato único e cinco anos para os poderes executivo em todos os seus níveis, para não viciar o prefeito, governador e presidente da República, no poder pelo poder. Isso quando não se torna uma pedra no sapato do próprio personagem, que se vê acuado pelas suas opiniões e ações.
Um político viciado em poder se torna um peso morto, cujas ações vão de encontro ao interesse geral, para se transformar em interesse particular ou partidário, não necessariamente nessa ordem. O público se confunde com o privado e, nesse ponto, só nos sobra o caos. A ineficiência do Estado e o desgoverno.
Isso sem contar quando a legislação permite que os candidatos já com cargos eletivos se mantenham no exercício do poder durante as campanhas eleitorais, tirando proveito de uma situação confortável e joga o interesse público no lixo. Será sempre um pé na desigualdade entre os demais candidatos, que não desfrutam dessa condição.
Difícil mesmo é convencer quem tem o poder nas mãos a mudar isso. Principalmente por que são eles os únicos que podem desfazer esse nó fisiológico e que tanto lhes interessa. Se o ninho está confortável, aconchegante e quentinho, por que trazer novos gravetos para reforça-lo com maior resistência, e perder seu próprio espaço nesse ninho? A se pensar na razoabilidade.