Com mais uma prisão, a suspeita das autoridades envolvidas no caso do desparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, a suspeita agora recai sobre homicídio encomendado por pescadores irregulares. Garimpeiros ilegais e até mesmo o tráfico de drogas podem estar envolvidos.
A verdade é que nesses 11 dias de desaparecimento é muito difícil imaginar que serão encontrados com vida, dado os objetos já localizados e recolhidos. O indigenista, inclusive, participou, em dezembro, ainda como funcionário da Funai, de uma megaoperação que devastou o garimpo ilegal na região do Vale do Javari, no Amazonas, inclusive com a destruição de equipamentos desses garimpeiros. Era o início do desmonte dos órgãos de fiscalização e controle levados ao extremo, pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), que praticamente transformou a região em uma terra sem lei.
Estamos, pois, diante de uma situação muito triste, mas provavelmente se não houvesse o jornalista britânico nesse desaparecimento, Bruno Pereira seria mais um esquecido na Floresta Amazônica, que Bolsonaro diz que é do Brasil, mas entrega de mão beijada para pecuaristas, garimpeiros e pescadores ilegais, sem nenhuma fiscalização.
O caso, com certeza, só ganhou notoriedade devido ao envolvimento de Dom Pillips, que estava coletando material para um livro sobre aquela região.
Ao que tudo indica, parece não haver um empenho muito determinado de parte das autoridades brasileiras, que estão sofrendo muita pressão, inclusive do exterior. Mais um ponto negativo, entre os muitos, que o país está angariando pelo desmonte de muitas de suas instituições de controle e fiscalização.
Por enquanto não há novidades sobre os dois e a Embaixada Britânica pediu desculpas por citar corpos encontrados. Mesmo assim, as dúvidas ainda são muitas.