A posse da política nacional pela fé, seja ela qual for, não é um bom sinal. Muito pelo contrário, significa um passo atrás na vida de todos os cidadãos, uma vez que os preceitos e dogmas das crenças estão num patamar diferente da realidade. Num patamar diferente da evolução do ser humano.
Ninguém questiona a fé alheia, mas cada um tem a sua e nenhuma. Ou então, embutida no agnosticismo de quem quer acreditar, mas busca pela ciência para tentar explicar o que está fora do alcance das discussões empíricas contidas na Ciência.
Mas escancarar essa situação, como está acontecendo no Brasil de hoje, com o domínio dos pastores evangélicos sobre o Ministério da Educação, comandado por outro pastor evangélico, beira a falta de responsabilidade e um aparelhamento nunca antes visto pela “fé”. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, discutindo a liberação de verbas para construção de Igrejas, para aparelhar o governo federal e garantir mais apoio desse nicho eleitoral e, ao mesmo tempo, ter o compromisso com instituições particulares, como se fossem parte das públicas, é algo inaceitável. Em qualquer país no mundo o ministro estaria demitido e o governo federal sobre forte impacto político negativo. Aqui no Brasil, entretanto, está se misturando moral e bons costumes com a administração pública, como se fosse tudo normal. Não é.
Quem pode cobrar moral da sociedade se no escurinho dos gabinetes propõe a imoralidade como moeda de troca?