Curioso por conflitos, mesmo quando se apresentavam por motivos sagrados, sempre encontrei alguma indicação comercial por trás deles. O fenômeno da globalização, porém, forneceu ainda mais motivos para que eventuais conflagrações avançassem ou recuassem por notórios interesses econômicos. Grandes corporações, ao longo do tempo, transformaram nosso planeta em um gigantesco shopping center, explorando regiões mais vantajosos comercialmente, tentando garantir, sempre quando possível, pavimentos mais frequentados – ou seja, maiores mercados consumidores. Hoje é comum que alguns conglomerados sejam mais robustos, financeiramente, que países inteiros, o que, se os considerarmos unidos, formam cadeias praticamente indestrutíveis. Este aspecto, ao que parece, tem sido a grande novidade desta barbárie perpetrada contra a Ucrânia, pois as sanções comerciais típicas, declaradas normalmente contra os regimes autoritários – e de pequenos efeitos internacionais – chegaram a patamares jamais considerados. Como se tem visto, diariamente, companhias inteiras estão próximas não apenas de deixar de vender aos russos como retirarão suas plantas comerciais de lá. Claro que todos fazem suas contas e ninguém está diante de um tabuleiro de Batalha Naval, mas este movimento indica que – é possível crer nisso – o expansionismo produtivo possui, sim, a capacidade de se insurgir contra crimes de guerra, pois é isso o que acontece. O congelamento de ativos russos e as dificuldades impostas ao seu sistema bancário foram apenas as primeiras respostas ocidentais a uma desproporcional e indevida invasão territorial. Porém, os reflexos construídos por este setor podem contribuir para um contra-ataque, não bélico, mas ético e moral contra este “neo-czarismo” que se apresenta. Do ponto de vista global, certo e errado não possuem réguas determinadas por países, mas pelo senso comum de humanidade. Talvez Vladimir Putin tenha negligenciado esta consideração. Ou nem a conheça.