24/01/22
O brasileiro, na maioria das vezes, gosta de praticidade, por isso não se aprofunda em assuntos que deveria conhecê-los melhor. Por isso “comprou”, com tanto entusiasmo, a ideia de que a variante Ômicron possui uma transmissibilidade maior, porém é menos letal. Ademais, com os reflexos da vacinação requerendo menos pressão no setor de saúde, ao menos até duas semanas atrás, a sensação do “fim da pandemia” contaminou, sem trocadilhos, seu humor de maneira quase generalizada. Por isso desde o final do ano passado as confraternizações foram tão intensas, explicando também porque bares e lanchonetes seguem com lotação máxima, da mesma forma as praias do litoral paulista. Entretanto, para quem não apenas observa as manchetes, mas as matérias que as seguem, sabe que as incertezas aumentam, como também os números de contaminados. Olhando ao redor de nosso cotidiano é quase impossível não identificarmos pessoas próximas em quarentena, algo que era mais difícil meses atrás, e agora o que parecia improvável novamente aconteceu. Mesmo relutando para tomar esta decisão, pressionados também por questões econômicas, os governos de São Paulo e Rio de Janeiro anunciaram a decisão de remanejar os desfiles carnavalescos para o feriadão de 21 de abril. Será meio estranho, é verdade, ligarmos a TV quase no fim do primeiro quadrimestre para acompanharmos as folias de Momo, mas antes isso do que nada, e trata-se de uma adaptação importante. Se há pessoas que ligam para o futebol, para o BBB ou outros eventos de época, não dar a mínima para os desfiles é compreensível, mas vale lembrar que a indústria carnavalesca movimenta suas comunidades o ano inteiro. Gostemos ou não, o fato é que há um mecanismo de sustentação financeira, sem o qual a subsistência de centenas de famílias ficaria mais uma vez prejudicado em razão da pandemia. Porém, se há riscos atualmente impostos aos desfiles, neste momento, o mesmo não foi observado em relação aos ensaios, que seguem promovendo intensas aglomerações. As prefeituras pouco conseguem fazer, nestes casos, pois tratam-se de eventos particulares, mas as próprias escolas de samba deveriam melhorar seus protocolos sanitários para estes eventos, do contrário terão poucos representantes para colocar na avenida, daqui a dois meses. De fato, o novo normal veio mesmo para valer.