Era 2021.

Arthur acordou e me disse:

-Mãe, eu escrevi este livro.

Ele já havia escrito um aos seis anos, logo depois de aprender a ler e a escrever, o título era Carros Amigos. Tinha seis páginas, foi ilustrado por ele mesmo. Está guardado na nossa caixa das preciosidades, uma caixa onde guardamos nossos tesouros emocionais.

Desde que aprendeu a ler, Arthur lê muito mesmo, devorou os treze volumes do Diário de um Banana em quinze dias, ele tinha sete anos na época. Harry Potter veio em seguida, aos oito já tinha lido todos e então ele descobriu Júlio Verne, o encanto foi tanto que este ano fomos parar em um sebo em busca dos títulos menos famosos porque os mais conhecidos ele já leu todos.

A paixão pela leitura caminha junto com a paixão pela astronomia e por tudo que é antigo, houve uma época que ele queria usar roupas iguais às do Marty Mc’Fly porque De Volta para o Futuro parecia tê-lo levado ao encontro do mundo que ele sempre almejou: o do Dr. Brown. Einstein, Copérnico, Newton são nomes que ele conhece bem. Este ano, aos dez anos ele ganhou um telescópio, dos grandes porque as lunetas o acompanham desde os sete.

O interesse pelos anos oitenta o levou até o Atari e apesar do XBox fazer algum sucesso em casa, no último Natal ele pediu o Atari Flashback e mergulhou no mundo dos jogos dos anos oitenta.

Daí nasceu JacMan, que teve seu nome adequado para não infringir a lei de direitos autorais, o personagem é uma releitura da famosa bolinha amarela que no Brasil chamamos de come-come: o PacMan.

Arthur é o que chamam de nerd, e sim, ele toca piano desde os seis anos, filho meu não seria diferente.

Desde que nasceu, ele foi e é bastante estimulado. Investimos em leitura, em cultura, em música, em esporte e principalmente em acreditar nos sonhos dele.

Quando, em 2018, sentado ao meu lado enquanto eu autografava o meu primeiro livro, ele me disse:

-Mãe, eu também vou escrever um livro e vou lançá-lo aqui também! eu respondi:

-Vai filho! Vai sim!  E ele acreditou.

As crianças acreditam no que dizemos a elas, elas acreditam nos sonhos e na capacidade de realizá-los.

Acredito que o melhor que eu e Murilo fizemos pelo Arthur foi não cortar-lhe as asas e permitir que ele tivesse acesso a tudo que pudesse lhe trazer ferramentas para criar.

Aos dez anos Arthur comemora a publicação do seu primeiro livro pela Editora SCORTECCI. Quando ele me entregou JacMan – Uma História, escrito e impresso eu não sabia muito o que fazer. Pedi ajuda à Gisele Godoi que, como escritora infantil e não mãe do Arthur, poderia avaliar a qualidade do texto sem o viés emocional.

A resposta dela foi:

-Vivi, faz sentido, a narrativa é muito boa. O Arthur é prodígio.

Não sei se ele é prodígio ou se nós, como pais dele, nos dispusemos a oferecer tudo que estava ao nosso alcance.

Toda criança é genial!

E hoje lhes apresento e homenageio ARTHUR BATTISTELLA GIGLIUCCI este garoto que já compôs músicas ao piano, que teve que abandonar o judô por causa da pandemia, mas que fez disso uma oportunidade para jogar tênis, que é apaixonado por astronomia, por antiguidades, por jogos dos anos oitenta, que aos dez anos pública o seu primeiro livro e que eu tenho a honra de chamar de meu filho.